PSICÓLOGA TESE DE DOUTORADO Indice | Home | Introdução | Revisão Literatura | Prop. e Plano Trab. | Material e Métodos | | Resultados | Discussões | Influência Música na Hiperatividade | | Interferência Música no Comportamento | Resultados da Interferência | | Discussão da Influência | Discussão Geral | Conclusões | Anexos | 8 INTERFERÊNCIA DA MÚSICA ROCK SOBRE O COMPORTAMENTO: MATERIAL E MÉTODO 8.1 Avaliação observacional da movimentação corporal de meninos hiperativos e grupo controle, na presença e ausência de música rock, em sala de aula 8.1.1 O método de investigação utilizado
Este estudo teve por objetivo analisar comparativamente a movimentação corporal de meninos indicados, diagnosticados e acima do Q 3 com a dos não indicados (normais), sob a influência da música rock numa situação de sala de aula.
Fizeram parte desta pesquisa 10 meninos que se classificaram a partir dos estudos anteriores por terem sido indicados como irrequietos, diagnosticados como hiperativos e que estavam acima do Q 3 e 16 meninos não indicados como irrequietos (normais) e que estavam entre Q1 e Q2, que fizeram parte do grupo controle.Os meninos não tomavam medicação que interferisse no comportamento, objeto de estudo. Todos estavam na faixa etária de 8 a 10 anos de idade e cursavam pela primeira vez a 2ª série do 1º grau de três Escolas Municipais da periferia da Capital de São Paulo, SP. Esta faixa etária foi escolhida por ser apontada em pesquisas como a que mais evidencia o comportamento de interesse deste estudo (WENDER, 1974; LEFÈVRE et al., 1978; WENDER, 1987).
A caracterização das escolas e nível sócio-econômico das famílias dos meninos estudados, em 1991, foram descritos nos estudos "Avaliação observacional da movimentação corporal de meninos não indicados como irrequietos, para construção de um parâmetro: norma CARELLI e "Avaliação observacional da movimentação corporal dos meninos indicados como irrequietos, e encaminhados a diagnóstico diferencial de hiperatividade, para formação do grupo experimental".
Este estudo realizou-se em três fases: Fase 1 - Gravação em videoteipe; Fase 2 - Teste de audição; Fase 3 - Teste de acuidade visual.
As gravações em videoteipe do movimento corporal dos meninos indicados como irrequietos e dos não indicados (normais) foram feitas de 26 de agosto a 05 de setembro de 1991. • Situação de gravação em videoteipe Para este estudo as gravações realizaram-se em 11 salas de aula, durante as aulas, nas três Escolas Municipais. As condições das salas de aulas eram idênticas às dos estudos do item 9.1.1.2.2. • Equipamentos Para a gravação em videoteipe dos comportamentos dos meninos indicados como irrequietos e dos não indicados como irrequietos (normais), utilizaram-se: - 3 filmadoras: 2 Sharp (modelos VL.L.1708 e VL-L170-B), Panasonic (PV-520D); - 3 tripés para filmadora, marca Fiest, modelo 095. - 3 TV: Sharp (modelo TVC - 1401), Philco-Hitachi (PAVA 2050) e Semp Toshiba (max Collor); - 3 vídeos cassete: 2 Panasonic, e 1 Gradiente; - 30 fitas de vídeo, marca Polaroid, VHS-T.120; - 2 monitores de 29", marca Gradiente; Para gravação, em fita cassete, da música usou-se: - toca discos, Gradiente, mod. QV - Direct Drive; - amplificador Cygnus, mod. AC 200; - equalizador de som Cygnus, mod GE 400; - teipe deck Akai HXR 44A; - audiofones Selenium HF 88V; - rack Cygnus, mod. 400. Para apresentação da música utilizou-se um rádio-gravador PHILIPS, AR 676, e um aparelho Precision Sound Level Meter (Brüer & Kjaer - tipo 2232 TEC 651 type 1 série 964016), para medir o nível sonoro do gravador PHILIPS que transmitiu a música . Os equipamentos usados para a reprodução das imagens gravadas em videoteipe, os materiais usados pelas professoras e os utilizados pelas crianças na execução de Tarefa, foram descritos na "Avaliação observacional da movimentação corporal de meninos não indicados como irrequietos, para construção de um parâmetro: norma CARELLI". • Procedimento da gravação em videoteipe As gravações em vídeo da movimentação corporal dos meninos indicados, diagnosticados como hiperativos e acima do Q3 e as dos não indicados que estavam entre Q1 e Q2 foram realizadas no período de 25 de agosto a 05 de setembro de 1991. Os demais critérios empregados na gravação foram idênticos aos utilizados no segundo estudo desta pesquisa no item 4.2.1.3.2.
Utilizou-se a música rock TRILOGY do guitarrista e compositor UNGWIE J. MALMSTEEN Polygram Records Inc. Stereo, Série Vermelha 8310731 / 8310734, 4ª faixa, lado 2. Esta música, segundo o compositor VILLANI (Anexo 27), apresenta "linhas melódicas intimamente relacionadas com seqüências harmônicas surgidas na Renascença, onde o tonalismo com base no sistema temperado era a tônica das composições. Demonstra claramente uma influência dos compositores do período Barroco, caminhando para o Clássico". Este rock possui a marca "registrada de todos os rocks em todas as linhas: o apoio rítmico muito claro, constante, repetitivo, obstinado...". O aparelho de som que transmitiu a música era colocado à frente da classe, numa altura de mais ou menos 1 metro do chão e à distância de 2 metros dos meninos que seriam filmados. A altura e a distância foram determinadas quando se mediu o som do gravador PHILIPS, preservando o volume de 58 dB.
As sessões experimentais foram formadas seqüencialmente por três situações de 10 minutos cada: 1. pré-teste (Antes da Música) - sem música; 2. teste (Durante a Música) - com música; 3. pós-teste (Depois da Música) - sem música. Cada sessão teve a duração total de 30 minutos. Em cada sessão experimental, foram gravados dois meninos simultaneamente: um menino indicado e um não indicado (normal). Os mesmos sentavam na primeira fila, em carteiras previamente dispostas pelo pesquisador. A classe era dividida em grupos se tivesse mais de um menino indicado e/ou não indicado (normal). Este procedimento foi usado para garantir que cada um dos meninos indicados e não indicados ouvisse a música rock uma única vez. Após as crianças estarem nos lugares estipulados pela professora distribuía-se os materiais da Tarefa Não-Verbal às mesmas. No pré-teste - Antes da Música, a professora dizia às crianças qual lápis de cor deveriam usar: vermelho, por exemplo. Transcorridos 10 minutos, no teste - Durante a música, solicitava-se às mesmas que continuassem o desenho com a cor verde, por exemplo; e a instrução se repetia no início dos últimos 10 minutos no pós-teste - Depois da Música. As crianças usaram três cores de lápis, ou seja, uma cor a cada 10 minutos, como indicação do desempenho dos meninos estudados . A professora dava às crianças a seguinte instrução: "Vocês vão copiar com o lápis (vermelho ou verde ou azul) o que vou desenhar na lousa. Sigam os pontos que estão na folha; vocês vão mudar de cor de lápis somente quando eu mandar. Peçam outra folha quando tiverem necessidade. Vocês só vão parar de desenhar quando eu mandar". A Tarefa que as crianças executavam, bem como realizavam foi descrita no segundo estudo desta pesquisa no item 4.2.1.3.2. Transcorridos os 30 minutos de duração da sessão, as folhas das crianças eram recolhidas pela professora e pelo pesquisador (Anexo 28.1). As três câmeras eram postas, simultaneamente, em funcionamento quando a professora dava início à sessão. O pesquisador sentava-se à frente da classe, de frente para as crianças e acionava o rádio gravador após os 10 primeiros minutos; o aparelho estava ao lado deste. • Sessões de gravação Foram realizadas 25 sessões de gravações em videoteipe da movimentação corporal dos meninos indicados e dos não indicados (normais); no primeiro período (das 8h00 às 9h30 e das 10h00 às 10h30) e/ou no segundo período (das 11h00 às 11h30 e das 12h00 às 12h30). Cada sessão teve a duração de 30 minutos.
A triagem auditiva realizou-se de 12 de maio a 06 de junho de 1992; a testagem foi feita por três Fonoaudiólogas do Hospital Infantil do Menino Jesus, da Prefeitura da Capital de São Paulo, SP. O teste de audição foi realizado nas próprias escolas freqüentadas pelos meninos deste estudo. "Foram feitos os testes: otoscopia, audiometria e curva timpanométrica; quando houve alteração em um desses procedimentos as crianças foram encaminhadas para o Hospital Infantil do Menino Jesus para realização de lavagem do cerúmen e/ou avaliação audiológica completa pelos profissionais competentes". Os 10 meninos indicados, diagnosticados como hiperativos e acima do Q3, bem como 10 dos 16 (6 faltaram ao teste) não indicados como irrequietos (normais), apresentaram resultados normais no teste auditivo (Anexo 29).
Profissionais do "Projeto Saúde Ocular" da Secretaria Municipal da Saúde da Prefeitura do Município de São Paulo treinaram o pesquisador desta Tese, para a aplicação do teste de acuidade visual. Este foi realizado de maio a junho de 1992, nas escolas freqüentadas pelos meninos. Para a aplicação do teste usou-se a Tabela "E" de Snellen e todos os cuidados necessários para o uso do mesmo (Anexo 30). Dos 26 meninos testados, um deles, do grupo controle, foi encaminhado para consulta oftalmológica no Centro de Saúde compatível à escola freqüentada, de acordo com orientação recebida (Anexo 31), por ter apresentado no reteste "diferença de duas ou mais linhas entre os resultados de um e de outro olho" (OD = 0,8 e OE = 0,6). O teste de acuidade visual realizou-se em decorrência da Tarefa Não-Verbal e como os resultados desta não serão apresentados nesta pesquisa, este menino não foi eliminado da mesma.
As folhas de Protocolos eram idênticas às usadas no segundo estudo desta pesquisa, item 4.2.1.4. • Procedimento de transcrição dos comportamentos gravados em videoteipe As transcrições para os Protocolos da movimentação corporal dos meninos indicados e dos não indicados (normais) efetuaram-se de junho de 1992 a fevereiro de 1993. Foram transcritos 180 intervalos de 10 segundos para cada criança (60 intervalos Antes da Música; 60 Durante a Música e 60 Depois da Música). Cada parte do corpo (olho, braço e mão, perna e pé) foi observada no mínimo duas vezes, em cada intervalo de tempo. O pesquisador transcreveu separadamente cada situação experimental: Antes da Música, Durante a Música e Depois da Música, registrando cursivamente as Categorias de movimentos específicos e as de Estado (Movimento e Repouso) para os olhos, braços e mãos, pernas e pés, a cada 10 segundos. Os intervalos de tempo em segundos foram gravados nas fitas de vídeo, durante as sessões de gravações. O procedimento de transcrição dos Sistemas de categorias foi idêntico ao adotado no item 4.2.1.4, excetuando-se o tempo analisado (30 minutos).
Os sistemas de categorias usados foram idênticos aos descritos no 4.2.1.4.1. Os dados transcritos foram codificados, digitados e processados de abril de 1992 a agosto de 1993, no Centro de Informática de Medicina (CIMED) da Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP, por meio do "software" EPI-INFO (1992), tornando-se, assim, os dados disponíveis para análise.
A análise do efeito da música rock Trilogy sobre o movimento corporal do grupo hiperativo e do controle, realizou-se considerando a técnica da análise multivariada (MANOVA) para os perfis médios desses dois grupos independentes (MORRISON, 1976; SINGER e ANDRADE, 1986). Esta técnica multidimensional permite avaliar objetivos experimentais especificados através de hipóteses estatísticas sobre a comparação dos dois grupos ao longo das situações experimentais (Antes, Durante e Depois da Música), assim como, comparação entre estas situações dentro de cada grupo Os dados do índice Movimento, Alternância e Ritmo foram considerados sob a transformação raiz quadrada, segundo BANZATTO e KRONKA (1989). Os resultados das análises estatísticas são apresentados em tabelas, onde constam as hipóteses pertinentes com as conclusões discutidas, ao nível 5% de significância. |